Jala Neti

Por: Flavia Venturoli de Miranda
Fonte: www.mahavidyayoga.com.br

Para melhorar o desempenho e a saúde do corpo os textos antigos de Hatha Yoga, como Sat Karma Samgrahah propõem cerca de 80 tipos de limpezas para diferentes fins, tais como limpeza dos olhos, do nariz, do estomago, do intestino, do crânio, da mente, etc. Jala Neti significa purificar o trato respiratório superior através da água. Em português é chamado de ducha nasal.

Segundo o texto antigo Hatha Pradipika:

Neti limpa o crânio e traz clarividência. Ele destrói todas as doenças que se manifestam na garganta.”

Jala Neti é um processo simples e muito eficiente de limpeza das narinas, fossas nasais, sinus e garganta. Na verdade essa purificação acontece também nos canais auditivos (que se encontram dentro da boca). Enfim é uma prática indicada para limpeza dessas regiões prevenindo e combatendo resfriado, gripe, dor de garganta, rinite, sinusite, congestão dos olhos, da face e dos ouvidos, além de melhorar as perceções do olfato, paladar, visão, audição.

Zonas de Congestão

Material

1 copo de 240 ml (aproximadamente) de água morna
1 colher de chá de sal
1 lota ou 1 bisnaga nova para ketchup
lenços de papel

Lota de Cerâmica

A água morna deve ser compatível com a temperatura interna das narinas. A água morna não é agride como a fria, já que uma das funções das narinas é justamente aquecer o ar exterior para que ele chegue à temperatura corpórea quando alcançar os pulmões.

O sal é um purificador e ajuda a desobstruir eventuais congestões (tal como soro fisiológico ou água do mar). Nunca faça o jala neti sem colocar sal, porque vai arder. A quantidade certa de sal é importante, porque pouco ou muito sal pode provocar sensação de ardor. Em média, 1 colher de chá por copo de 240 ml é o suficiente.

O lota é uma peça usada especificamente para o jala neti, pode ser de plástico, metal ou louça, e é um pouco difícil de encontrar. A opção é usar uma bisnaga nova para ketchup.

Técnica

Preparar 1 copo de água morna (de preferência filtrada ou fervida) com 1 colher de chá de sal (o suficiente para o seu paladar). Mexer bem. Colocar a salmoura em uma bisnaga ou em um lota. Preparar-se em frente a pia, não se esquecendo de ter vários lenços de papel a mão.

Em pé em frente a pia, vire sua cabeça para o lado esquerdo, de modo que seu queixo fique paralelo ao ombro esquerdo e a orelha paralela ao solo.

Faça uma respiração profunda e solte todo o ar lentamente, procurando relaxar. Depois abra a boca e só respire pela boca (inalação e exalação). Com a bisnaga preparada, introduza o bico dentro da narina esquerda e deixe a água fluir por alguns instantes até que a água saia pela narina direita. Então, centralize a cabeça e deixe a água escorrer. Faça expulsões vigorosas por ambas as narinas (kapalabhati karma) para que saia toda a água.

Você pode também tampar a narina esquerda e expulsar gentilmente a água somente pela direita. Mas não force a expulsão da água quando uma narina estiver tampada, pois a água remanescente pode refluir para o tubo do ouvido e entupi-lo.

Faça com a outra narina o mesmo processo. No final, expulse toda a água restante pelas narinas. Eventualmente a água pode descer pela garganta, nesse caso basta cuspir (não há problema se essa água for ingerida).

É interessante fazer o jala neti pelo menos uma vez por semana, principalmente em épocas secas e frias como no inverno (ou mesmo nas inversões térmicas, quando a concentração de poluentes aumenta) para se proteger dos vírus da gripe. Para as doenças respiratórias crônicas pode-se aumentar a frequência da ducha nasal.

O jala neti é preventivo, portanto não o faça quando a gripe com congestão já estiver instaurada. Contudo, nos primeiros sinais de nariz escorrendo ou dor de garganta é altamente aconselhável a prática para tentar reverter o quadro. Cabe lembrar também que o gargarejo com água morna, sal e vinagre é muito bom para combater a dor de garganta.

Após a ducha nasal, em períodos de seca intensa, é interessante passar óleo de cozinha ou manteiga dentro das narinas, para hidratar e evitar a formação de casquinhas de sangue, típicas nos narizes paulistanos.